Durante o dia convivemos pacificamente com mendigos sujos pedintes, trânsito caótico em que a competição não leva a nada, poluição nojenta liberada dos escapamentos que vomitam a economia e movimentam guerras, até a fila do caixa eletrônico com aquele filho da puta que parece não terminar nunca. Esses são alguns “obstáculos” vencidos diariamente pelos 11 milhões e 200 mil habitantes, segundo o censo 2010, da cidade de São Paulo. Porém após as 22 horas muita coisa muda.
Agora os mendigos já estão bêbados e drogados, o trânsito se torna mais calmo por que os pais de família pederastas que transam com travestis no horário de almoço já estão dormindo com a sua bela família, e andar pela noite em São Paulo é um ótimo programa para quem quer fugir da penumbra. O antigo, e novo, centro são repletos de monumentos e comércios abertos (infelizmente a maioria dos butecos fecham a uma da manhã devido a uma lei do nosso digníssimo prefeito Gilberto Kassab), além da beleza arquitetônica que quando se esta alcoolizado parece que vai te engolir. A região é atração e ponto de encontro paramoradores e visitantes de todos os lugares.
Com tanta desgraça e stress acontecendo muitos procuram um bom bar para poder canalizar toda a raiva passada durante o dia. São muitos os bares, muitas as desilusões amorosas, muita cerveja, muita “comida de rabo” do chefe e muita gente escrota reclamando da vida. Por tudo isso que as pessoas saem de casa, não só nos finais de semana já que as pessoas se “fodem” todos os dias, a procura de diversão, e talvez apenas em uma grande metrópole você pode encontrar isso.
Como dito, são muitos os bares. Para isso precisa de muita gente pra encher os locais. Na noite paulistana se encontram, bêbados, universitários burros, drogados, skinheads, bichas, rockeiros, putas e traficantes. Todos os tipos de gente, do mais ingênuo ao mais inescrupuloso, diversas tribos urbanas encontradas ao redor do globo.
Todo esse bando de tribo convive lado a lado, na maioria das vezes, sem maiores complicações. Apenas em alguns casos como, quando um filho da puta resolve sem mais nem menos agredir covardemente o próximo com algum objeto que com certeza não foi pensado pra isso, ou algum punk valente se acha no direito de “cobrar” idéia de um inofensivo e colorido adolescente que não merece ser chamado de rockeiro. Todo o caos passado na vida é afogado em um copo de cerveja gelado. Toda gritaria é abafada pelos silenciosos e acalorados diálogos de um flerte durante uma bebedeira. Independente de tribos urbanas, o que temos aqui são pessoas frustradas pelas suas vidas, pelos seus anseios, mas que por apenas algumas horas convivem falsamente calmos uns do lado outro.